Extra, extra! Os hidroaviões foram vistos sobrevoando a ilha de Fernando de Noronha; imediatamente os aparelhos radiotelegráficos fizeram a notícia chegar a Natal.
Quatro horas da tarde do dia 06 de janeiro de 1931, a população natalense correu ansiosa para as margens do rio, aguardando a chegada da esquadrilha aérea italiana, sob comando do General Italo Balbo, Ministro italiano da Aeronáutica, que fazia a travessia do Atlântico Sul.
Dos quatorze hidroaviões S55 que partiram de Bolama (Guiné-Bissau), após dezessete horas de voo, dez amerissaram sobre o Potengi, próximo ao porto de Natal e seus tripulantes foram saudados efusivamente por prolongadas buzinas de carros, acenos de chapéus e repicar dos sinos da cidade.
Recebido pelo major Nery da Fonseca, representante do Ministério do Exterior, e demais autoridades locais, o General italiano e o Alto Comando foram acomodados na Vila Cincinato (antiga residência dos Governadores na Rua Trairi) e os demais oficiais na Escola Doméstica e no edifício da Alfândega Nova.
A façanha foi comemorada com telegramas de congratulações do Rei italiano, Vittorio Emanuele III; do Presidente do Conselho de Ministros da Itália, Benedito Mussolini; do chefe do governo provisório da República, Getúlio Vargas, e várias autoridades brasileiras e estrangeiras.



Entre 6 e 9 de janeiro, o General Italo Baldo e os demais aviadores cumpriram intensa programação social na capital potiguar, que incluíram recepção oferecida pelo Interventor Irineu Jofilly, jantar no Aero Clube, concerto de piano, coquetéis, missa campal e benção de monumento.
Em 08 de janeiro, após uma missa campal na esplanada do Porto, o General Balbo falou em nome da Itália, oferecendo o monumento em homenagem a Carlo Del Prete. Trata-se da Coluna Capitolina, trazida especialmente para agradecer ao povo do Rio Grande do Norte a hospitalidade oferecida aos italianos Carlo Del Petre e Arturo Ferrarin, após a travessia do Atlântico Sul, realizada em 05 de julho de 1928, quando pousaram na praia de Touros, devido às más condições de visibilidade da pista de Parnamirim.
No dia 09 de janeiro de 1931, a esquadrilha partiu com destino a Bahia e depois ao Rio de Janeiro, onde foi recebida com euforia na então capital federal. Por enquanto, estava selada a boa relação entre a Itália de Mussolini e o Brasil de Getúlio Vargas no novo tabuleiro geopolítico pós Primeira Guerra Mundial e Natal, como ponto estratégico, seria cobiçada pelas potências mundiais.
A Coluna Capitolina foi inaugurada na esplanada do Cais do Porto, com os dizeres em italiano: “Trazida de um só lance sobre asas velozes, além de toda a distância tentada, por Carlo Del Prete e Arturo Ferrarin, a Itália aqui chegou a 5 de julho de 1928. O oceano não mais divide e sim une as gentes latinas do Velho e Novo Mundo”.


Em 1935, o movimento comunista de Natal derrubou a coluna alegando tratar-se de um monumento de um governo fascista. A coluna permaneceu em lugar ignorado até ser reencontrada e novamente erguida na praça João Tibúrcio, depois seguiu para a Praça Carlos Gomes, no Baldo. Por fim, foi chantada no largo Vicente de Lemos do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, onde hoje se localiza.

Post Scriptum: Dos quatorze aviões da esquadrilha, dois acidentaram-se na partida de Bolama, vitimando cinco tripulantes. Outro teve problema no radiador próximo aos rochedos São Pedro e São Paulo, amerissou e a tripulação foi resgatada com vida por um dos cruzadores da marinha italiana que acompanhava por mar a travessia dos aviadores. O quarto também teve problema próximo a Fernando de Noronha. Ao final, os dois hidroaviões foram consertados em Fernando de Noronha e chegaram dois dias depois a Natal. Os detalhes estão nas páginas do Correio da Manhã.
Para saber mais sobre o voo histórico de Carlo Del Petre e Arturo Ferrarini, acesse o post do historiador Rostand Medeiros, clicando aqui: O VOO DE ARTURO FERRARIN E CARLO DEL PRETE A NATAL EM 1928 E O NOSSO MAIS IMPORTANTE PRESENTE
Acesse também: Queda do avião em Muriú, Pedal histórico-cultural em Natal – Parte I, Pedal Histórico Cultural em Natal – Parte II.
7 comments
Elzinha, até o final da década de 1960 existia também um pelourinho plantado bem na frente do Instituto. Daí prá cá não sei mais. Espero que a moda racista não o tenha destruído.
Elzinha… maravilhoso resgate de pequenos mas importantes resgates da nossa História! O Instituto deveria promover publicações como estas em rede social (Facebook, por exemplo ) para nosso conhecimento. Seria como uma visita virtual ao IHGRN da população interessada.
Oi Flávio, o IHGRN está começando esse trabalho de divulgação, com textos compartilhados no Instagram. Vou ver com eles a divulgação no Facebook.
Obrigada pela valiosa dica.
Abraços
Flávio, o Instituto Histórico mantém publicações nas redes sociais (Facebook, Instagram e YouTube), com matérias que são mais do que visitas virtuais, contam a história do nosso acervo.
Na Tribuna só Norte, aos sábados, mantemos um coluna muito importante. Acesse, visite-nos
Parabéns, confreira!
O vídeo e o texto, junto com outros, servirão de base para vídeo futuro no canal Fatos e Cultura.
Cassimiro Júnior
Muito obrigada Cassimiro, vamos resgatando a nossa história e passando para as gerações futuras. Abraços
Verdade.
Temos que contribuir de alguma forma para nossa história, cultura e trdição não caiam no esquecimento.
Abraço e parabéns pelo relevante serviço!