Bicicletas, nova realidade e cuidados redobrados no trânsito

Dois meses após o início do isolamento no Brasil, em razão da pandemia da Covid-19, escrevi sobre bicicleta e coronavírus e o incremento da utilização desse meio de transporte na Europa, em razão da prática saudável e ecologicamente sustentável.

No mesmo sentido das rotas dos descobridores, o costume europeu está chegando ao país e a bicicleta transforma-se em mania nacional. O brasileiro vem utilizando a bike como meio de transporte ou prática esportiva e de lazer. Uma nova realidade para as cidades que deverão proporcionar estruturas mais adequadas ao ciclismo e um plano de ação para incrementar sua malha cicloviária.

Enquanto o Brasil não se transforma em uma Holanda, é bom ressaltarmos a necessidade de adaptação dos ciclistas, motoristas e pedestres no caminho de uma relação pacífica, respeitosa e harmoniosa.

Muito embora o contato com a bicicleta se inicie na infância – na forma de um divertido brinquedo – ela é considerada um veículo de passageiros de propulsão humana. Como tal, sujeita-se às normas do Código de Trânsito brasileiro.

Vamos convir que o motorista não está acostumado a tantas bicicletas em seu entorno e, como toda novidade, assusta e requer adaptações; é melhor ir aprendendo a compartilhar o território. As ciclovias ou ciclofaixa estão em fase embrionária, então, em muitos casos, o motorista irá dividir espaço com o ciclista, numa relação respeitosa.

O acostamento deve ser utilizado pelo ciclista na ausência de local apropriado. Se for inexistente ou houver interrupção da ciclovia ou ciclofaixa, é aconselhável pedalar no terço da faixa de tráfego, mais próximo ao meio fio. Se precisar usar a calçada, desça e empurre a bicicleta em movimentos intensos de pessoas.

Pedale com atenção e sempre sinalize suas ações com as mãos para os motoristas e pedestres. Olhar atento aos buracos, desníveis, tampas de esgoto ou coletores de água, eles são verdadeiras armadilhas para os ciclistas. Não circule entre veículos em movimento, nem faça manobras radicais.

O motorista, por sua vez, deverá manter uma distância lateral de 1,50m ao passar ou ultrapassar bicicleta. Nas transversais, lembre-se que a preferência é do ciclista que vem na principal. Nada de atravessar na sua frente, só porque está com um veículo mais pesado. A bicicleta é considerada veículo, bem mais leve, mas veículo.

Em algumas cidades, a exemplo de Natal/RN, algumas ciclovias estão sendo divididas com os ônibus. Essa prática exige cuidado redobrado do motorista e do ciclista, tendo em vista a tamanha desproporção no tamanho dos dois veículos. Nesse caso, todo cuidado é pouco, até porque existem alguns pontos cegos no meio do caminho.

Ao pedalar e passar junto aos veículos estacionados, tenha cuidado com aberturas de portas – armadilha certeira para uma queda. É dever do condutor ou do passageiro, ao abrir a porta, certificar-se que não constitui perigo para eles ou os usuários da via, aí incluído o ciclista.

Lembre-se que o ciclista deve pedalar no mesmo sentido de circulação regulamentado para via. Na contramão, apenas em ciclofaixa. Também não custa nada lembrar aos pedestres e corredores, que as ciclofaixas, pintadas de vermelho, são de uso exclusivo dos ciclistas, não são passeios públicos ou pistas de corrida. O atropelamento por uma bicicleta pode causar ferimentos sérios.

E por falar em pedestres, estes têm preferência na faixa de travessia – ainda não chegamos ao patamar da Holanda, em que os ciclistas são preferência nacional. No entanto, como bicicleta parada não se põe em pé, se a situação permitir, deixe o ciclista passar como cortesia. A paz no trânsito agradece.

Não esqueça que os ciclistas também devem utilizar equipamentos obrigatórios de segurança: a campainha, sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e nos pedais, e espelho retrovisor do lado esquerdo resguardam sua vida. Capacete e luvas são indispensáveis. Não use headphones ou celulares no pedal, seus ouvidos são um alerta para o perigo. Durante o dia, roupas claras; à noite, roupas luminosas, porque ciclista é mesmo para ser visto.

E como moro numa cidade marinha, a Via Costeira proporciona um agradável passeio com a brisa do Oceano Atlântico arejando os praticantes de atividade esportiva. O único problema é que o passeio público divide espaço com a ciclofaixa, mas não há qualquer sinalização para orientar os usuários; termina virando um caos. A simples pintura do símbolo da bicicleta na faixa vermelha evitaria algum acidente e permitiria a convivência harmoniosa nesse lindo cenário. Fica aqui o recado para o DER-RN: faça o seu papel e sinalize a ciclofaixa da Via Costeira!

Vamos nos adaptando: motoristas, ciclistas e pedestres construindo uma relação de respeito, harmonia e paz no trânsito!


Clique e leia a Cartilha do ciclista da Prefeitura da Cidade de São Paulo e a Cartilha do Ciclista do Ministério das Cidades.


Dicas de trânsito para ciclistas
Dicas de trânsito para ciclistas e demais condutores!

Acesse também: Motorista de ciclista, Desafio da serra, Minha ini(a)miga, a bicicleta, Mont Ventoux – Parte I e Mont Ventoux – Parte II.

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