No Rastro das Águas – Apresentação e link para primeiro capítulo

PREFÁCIO Diógenes da Cunha Lima Mais que história pessoal, familiar, biográfica, é este um livro etnográfico, reconstitui práticas de uma das regiões culturalmente mais ricas do país. O Seridó é uma civilização solidária. As características comuns da sociedade seridoense, em seu conjunto, tornam o seu povo único. Os fenômenos sociais religiosos (Santana, a Padroeira maior), os fenômenos estéticos (as belas moradias, cores, flores e animais saídos das mãos das artistas […]

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No Rastro das Águas – Capítulos 70 e 71

(…) O dia findava-se nas horas tristes do pôr-do-sol, quando o crepúsculo encobria a beleza infinita do mar, fazendo surgir a escuridão, aplacada pela beleza da lua sobressaindo às estrelas. José Bezerra não gostava daquela hora; sua alegria era estar em contato com a água, fosse na correnteza dos rios cheios dos invernos sertanejos ou nos deliciosos banhos nas sangrias, fosse ante a ilusão de dispor da imensidão do oceano. […]

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No Rastro das Águas – Capítulos 68 e 69

(…) Lá embaixo, a música começou a tocar. A casa do casal José Bezerra e Yvete estava toda preparada para receber os familiares e amigos de meio século. Era a última grande festa que eles patrocinariam na avenida Hermes da Fonseca, antes da troca de endereço. Os convidados já deveriam estar chegando, eles não se importaram. Inebriados no clima de cumplicidade, prolongaram os momentos tantas vezes compartilhados na intimidade daquelas […]

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No Rastro das Águas – Capítulos 66 e 67

(…) O Brasil reza pelo restabelecimento de seu Presidente, mas sua saúde não resiste e ele vem a falecer. Emocionado, o povo vai dar seu último adeus. A eleição de Tancredo, ex-Ministro de Getúlio Vargas e ex-Primeiro Ministro do Brasil, representou o fim da ditadura e dos anos de opressão; a despedida dos brasileiros foi um gesto de decepção e desalento. Decepção, por não verem aquele que tanto lutara pela […]

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No Rastro das Águas – Capítulos 64 e 65

(…) Mas chegou o dia do retorno a Natal. Os carros deveriam passar a qualquer custo pelo rio. Foi montada uma verdadeira operação de guerra, com os poucos recursos existentes. A profundidade nem era tanta, mas a correnteza estava forte. Juntaram os homens da fazenda, trouxeram cordas e deram início à travessia. Um a um, os carros foram atravessando, molhando os distribuidores, engasgando afogados. As crianças foram atravessadas de charrete […]

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No Rastro das Águas – Capítulos 62 e 63

(…) O cargo que assumiu adequava-se muito bem a suas pretensões profissionais. A direção da Acauan não consumia muitas energias, as diretrizes da empresa e as ações a serem executadas estavam previamente determinadas pelos acionistas majoritários. Já passando dos sessenta, José Bezerra adaptou-se bem à nova atividade e pôde dispor de tempo para cuidar de suas fazendas. A Acauan começou a produzir no final de 1970, quando o currais-novense Cortez […]

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No Rastro das Águas – Capítulos 60 e 61

(…) José Bezerra assistiu a tudo entusiasmado, mesmo temeroso pelas transformações sociais; era característica sua colocar-se a par dos episódios marcantes da História. Sabia que aquele passo era grande demais para humanidade, reflexo do desenvolvimento da tecnologia. Acompanhou a volta dos heróis mundiais e se perguntou até onde o homem iria aventurar-se. Ao mesmo tempo, sentia-se diminuto em face dos acontecimentos. Se para ele, a ida do homem à Lua […]

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No Rastro das Águas – Capítulos 58 e 59

(…) De volta ao Brasil, encontrou sua terra em preparativos para eleição que ocorreria em outubro de 1965. Aluízio Alves consolidara sua força política e consegue eleger seu sucessor, o Monsenhor Walfredo Gurgel, derrotando aquele que se tornou seu inimigo político, o ex-Governador Dinarte Mariz. O gosto pela política vai perdendo o viço em José Bezerra. O veneno da mosca azul já não fazia efeito. Perto de terminar a suplência […]

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