No Rastro das Águas – Capítulo 16

(…) Seus ensinamentos foram transmitidos a seus descendentes. Convivendo nesse ambiente, José Bezerra de Araújo absorve-os facilmente. Espelhava-se em seus exemplos, principalmente nos aspectos de retidão de caráter, espírito de justiça, honestidade, vontade conciliadora e honradez. Descalço na terra encharcada, com os olhos grudados no chão, José procurava as pedras mais apropriadas ao seu intento, o que não era tarefa difícil em solo tão pedregoso. Pretendia construir um curral enorme, […]

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No Rastro das Águas – Capítulo 15

(…) Antônio Silvino foi preso em 27 de novembro de 1914, aos 39 anos, após tiroteio com a polícia em Lagoa Lage. Foi atingido no pulmão direito e transferido para cadeia de Taquaritinga e depois para a Casa de Detenção em Recife. Passou vinte e três anos, dois meses e dezoito dias de reclusão até ser indultado pelo presidente Getúlio Vargas. Morreu em 30 de julho de 1944, em Campina […]

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No Rastro das Águas – Capítulo 14

(…) A luz do amanhecer afastava todos os seus temores. Voltava a ser aquele menino forte e destemido, para desbrava todos os espaçosos cômodos de sua nova casa. Brincava de esconde-esconde com Amália, que o seguia com passos inseguros. Ritinha coordenava os afazeres domésticos, já planejando a compra de uma mobília nova para fazer frente à casa recém-construída, bem mais ventilada que a anterior. Antônio arrodeava a casa, certificando-se da […]

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No Rastro das Águas – Capítulo 13

(…) Somente quando a seca batia forte e a fome dizimava famílias e tudo quanto era ser vivo, abalando a fé dos mais fiéis devotos de Santana e minguando suas esperanças, os seridoenses reuniam suas últimas forças, juntavam seus trapos e o pouco que lhes restava e entregavam os pontos na batalha contínua contra as forças da natureza, saindo sem rumo e sem destino em busca de algum lugar onde […]

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No Rastro das Águas – Capítulo 12

(…) Retornam para casa de alma límpida, com a fé renovada e disposição para mais um ano de trabalho em busca da sobrevivência. A esperança preenche seus corações, enquanto as mãos de Santana dão forças para a árdua tarefa do dia-a-dia. Com este pensamento, já estão prontos para iniciarem a colheita do algodão, que vem tomando conta do chão seridoense, pincelando de branco a paisagem da região. Mãos preguiçosas torciam […]

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No Rastro das Águas – Capítulo 11

(…) No dia seguinte, muito trabalho para colocarem em ordem a bagunça do dia anterior. As atividades começavam lentas, no compasso da ressaca. Estavam alegres e animados, mas com os pés cansados de tanto arrastarem na dança. A festa rendeu bons comentários e alguns casos de namoros. Quem nunca presenciou a fé do povo sertanejo tem dificuldades de perceber o que representa a festa de sua Padroeira. Para se ter […]

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No Rastro das Águas – Capítulo 10

(…) Depois de acomodados, relembravam as estórias de assombração, que arrepiavam os cabelos dos mais corajosos e faziam tremer os menos afoitos. Aqui e acolá, alguém preparava uma presepada com o medroso do grupo. O Coronel era afeito a essas brincadeiras. Depois dos dias de corrida, retornavam às fazendas para se aquecerem nos braços de suas mulheres. Mas não é só vaquejada que diverte o sertanejo em junho. Chega o […]

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No Rastro das Águas – Capítulo 9

(…) Observando a roupa quarar, pensou: maio estava chegando; era mês de novena à Virgem Maria e com pouco estariam no mês de Santana. Já era tempo de se preparar para a festa; José crescia rapidamente e de repente sua roupa ficava perdida. Da próxima vez que Antônio fosse à rua, encomendaria novos tecidos para confeccionar, ela mesma, os trajes da festa da padroeira. Ritinha preparara o bisaco de seu […]

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