O primeiro ponto a se levar em consideração quando você opta por fazer ecoturismo é desprender-se de conforto. A natureza selvagem será tanto mais bela, quanto menor for a interferência humana.
Imbuídas desse espírito, despertarmos bem cedo (mesmo depois do exaustivo pedal do dia anterior)! Para chegar ao Jalapão, teríamos que vencer a distância de aproximadamente 310km entre Taquaruçu e Mateiros, triplicada ou quadruplicada pelas condições da estrada.
A primeira providência foi acomodar o grupo das doze viajantes em dois carros tracionados 4×4 com ar-condicionado (itens essenciais). Fernanda, a nossa guia/motorista, assumiu o controle do grupo e do volante de um dos carros e o Sr. Expedito, o outro.
Bagagem acomodada no rack do veículo, mochilas de ataque para um banho nas atrações do caminho, água para hidratar, lanchinhos e muita disposição de todo grupo. Íamos precisar, mesmo!!!
O asfalto só durou até Lagoa do Tocantins, a 76,8km de Taquaruçu. Parada para abastecer os carros e ida ao banheiro, porque dali para frente, só o matoilete.
No início, o barro da estrada estava até bom (sendo preparado para o asfalto), mas depois é costela de vaca em quase todo o percurso. A trepidação deixa qualquer um com pena dos veículos e das nossas colunas. De vez em quando, a costela de barro é substituída por areia frouxa, que exige habilidade do motorista, para não ficar atolado.



Lembrei muito da viagem ao Seridó, quando criança. O enjoo era constante, o para-brisa fazia as vezes de ar-condicionado e as recordações dessa época assumiram o tom da conversa.
Com um pequeno trecho vencido, começou a pergunta que se tornou uma constante durante toda viagem: “está perto”? Descobrimos que “mais ou menos”, “é logo ali”, “sim” e “não” têm significados diferentes, a depender da entonação da voz e das condições precárias do caminho (risos).
Como as mulheres são seres ultra adaptáveis e o grupo estava plenamente unido no espírito aventureiro, as soluções para o tempo passar logo foram adotadas: uma boa playlist (fundamental), cantar e dançar dentro do carro, jogar muita conversa fora, escancarar o sorriso, compartilhar comidinhas, tomar umas geladinhas, algumas poucas paradas para esticar as pernas e usar o matoalete.
Estrada desabitada, muito chão e poeira em excesso, calor de 40 graus, quase ninguém no caminho, a paisagem inóspita do cerrado, um redemoinho de fuligem das queimadas nessa época do ano e a primeira parada para foto: a Pedra da Catedral ao fundo. Junto, parou outro veículo em sentido contrário, também com turistas aventureiras.


Os carros que trafegam nas estradas são quase todos de operadoras de turismo. Não é aconselhável dirigir em veículo próprio, porque internet e celular não estão disponíveis ao longo do caminho e você pode precisar de ajuda.
Estávamos bem próximo do Jalapão, começando a descobrir que essa microrregião do Tocantins é quase um deserto com oásis restauradores do corpo e da alma. Os fervedouros, as cachoeiras, o Rio Sono, as serras, as pedras, as lagoas e os animais formam um todo que atrai o visitante; justifica o sacrifício das estradas e faz a viagem valer a pena.
Estávamos a dois passos do paraíso: o Jalapão bruto, como eles dizem por lá. É isso que vamos descobrir no próximo post.
Acesse também: Embarque feminino no ecoturismo, Diário de viagem – pedal no calor do Tocantins, Alma renovada, Volta ao mundo sem sair de casa.
5 comments
Que aventura fascinante!
Já aguardando o segundo post! 🙏🙏🙏🙏
Edison, leia tbm “Diário de viagem – pedal no calor do Tocantins”. É o início da viagem.🤗🤗🤗
Elzinha, estou adorando suas aventuras!! Elas são inspiradoras! Continue dividindo conosco o prazer da viagem! Bjos
Grace, dividindo com os leitores o prazer de percorrer nosso imenso país e descobriram suas belezas! Continue firme na leitura, muito obrigada. Beijos