Memórias roubadas

Foto de Marcelo Buainain

A pintura foi redescoberta por Selma Bezerra, minha mãe, quando nós, seus filhos, já estávamos bem “criados”. Um reencontro com pincéis e cores: azuis, verdes, vermelhos, amarelos. No início, flores, borboletas, instrumentos musicais, paisagens, sol se pondo em óleo sobre telas.

Seus traços marcantes cederam lugar aos abstratos. Largaram a tela de algodão e a tinta a óleo e transmudaram para o papel Canson. Novos rumos, novas técnicas. Confluência de pessoas marcando seus trabalhos. Papéis ferrados a passos de transeuntes incógnitos são a matéria prima para sua criatividade.

Misturando pigmentos e texturas, Selma revela abstrações em matizes variados. O resultado permite ao apreciador viajar em seus contornos indefiníveis, imaginando cenas diversas, numa linguagem contemporânea.

A pintura apazigua a inquietude da artista, mesclando suas raízes sertanejas com o mundo cosmopolita. Refletindo a luminosidade do dia, o rio Potengi expõe a variação das cores captadas em suas obras, graças ao ateliê plantado em suas margens.

No documentário “Memórias Roubadas”, Selma Bezerra narra sua trajetória de artista plástica, desde as lembranças de infância no sertão do Rio Grande do Norte, passando por viagens internacionais até os dias de hoje no seu ateliê em Natal. O diretor, Marcelo Buainain, inspirou-se nos tons dos pigmentos das obras e construiu imagens como expressão artística, contribuindo também para entender os caminhos que a artista utiliza para construir a sua obra.

Ateliê Pedra do Rosário
Rua Paula Barros, 556
Natal / RN
Contato: selm.msb@gmail.com

Meu Canto

Lugar de reflexão, contemplação, inspiração…
Potengi de encantos
Segui seu leito, contornos e entornos
Do Seridó a Natal
Da caatinga ao mar, percorre o mundo

Sigo seu rumo, sou cidadã do mundo
Espraia-se pelo oceano infindável
Busco uma satisfação inalcançável
Visão larga da minha janela
Tenho suas margens ao meu alcance
E dos amigos que aqui fundeiam

Porto seguro de meus desatinos
Mergulho em suas cores,
Sou verde, azul, vermelho, amarelo…
Sou terra firme! Você, pôr-do-sol!

Minhas telas lhe refletem
Na Pedra do Rosário
Você, encanta
Eu, tenho meu canto
Canto d’encantos.

Foto das obras expostas no Ateliê Pedra do Rosário
Ateliê Pedra do Rosário – Foto de Marcelo Buainain

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3 comments

  1. Estou encantado com as crônicas que li. As referências estéticas que remetem às vivências no sertão seridoense, assemelham-se às minhas inquietações enquanto jovem poeta e de minha infância rural nos taboleiros do Assú. Além do que, venho me aproximando enquanto pesquisador das mulheres bordadeiras de Timbaúba dos Batistas. Gostaria de saber como posso fazer para conhecer o “Ateliê Pedra do Rosário”. Meu telefone é: xxxxxxxxx. Resido em Natal atualmente, e seria um imenso prazer apreciar e me encantar com essas imagens exultantes e de rica carga de memórias e cultura.

    1. Muito obrigada Pedro Henrique. Vou ver com minha mãe, um dia para vc visitar o Ateliê e lhe aviso.

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