No último sábado de janeiro de 2022, dia nublado com cara de preguiça pós chuvas de vento em veraneio, avistei as velas içadas na linha do horizonte.
Era a Família Schurmann velejando o mar do Rio Grande do Norte com destino ao Piauí, próxima parada da expedição do veleiro Kat, com o objetivo de combater a poluição plástica nos oceanos.
Tonico, meu irmão, lembrou de um episódio de nossa adolescência: fim de tarde, o vôlei na areia de frente às casas do veranistas de Muriú e nosso primo Ricardo sai para velejar de catamarã com o amigo Paulo.
A tarde caiu, o banho de mar limpou a areia dos corpos, a noite chegou e nada dos velejadores chegarem.
O jeito foi acionar os adultos e contar do desaparecimento dos inexperientes navegantes.
Praia em alvoroço, bugres e jipes na beira-mar iam e vinham até a prainha próximo à Barra de Maxaranguape, focando a escuridão do mar; famílias apreensivas e nenhum sinal do catamarã.
Lá pelas nove horas da noite, quando o desespero já tomava conta de todos, os meninos chegaram com a cara de quem não fez nada de mais.
Apesar das instruções de não ultrapassarem os arrecifes, Ricardo e Paulo se aventuraram para mares mais ousados. Uma peça do encaixe do mastro quebrou e tiveram que ser rebocados por uma jangada.
O alívio da chegada deles foi tão grande, que nem lembro do castigo (se é que sofreram algum), mas o susto foi imenso.
Voltando ao presente, lembrei de uma viagem que fiz à Holanda em 2018, quando visitei a The Hague Race Village, montada para receber a etapa final da Volvo Ocean Race, considerado um dos maiores eventos da vela oceânica mundial.
Naquele ano, Haia foi o ponto final da competição. Os veleiros já estavam em terra firme e o dia era dedicado às crianças.
Sai da vila encantada com a organização, a educação para sustentabilidade, o culto ao esporte, o respeito ao mar e ao meio ambiente.
Vou guardar para sempre as imagens do engajamento e do brilho no olhar das crianças ao descobrirem a forma pacífica e respeitosa de utilizar o Planeta Água.
Natal recebeu de braços abertos a Família Schurmann em seu belo exemplo de fazer algo para transformar o planeta. Que suas ações sirvam de lições para as gerações atuais e futuras!
Saibamos reunir a vela, o mar e o respeito aos Oceanos.
Leia também: Haia (Den Haag) e seus encantos.
5 comments
Tô com uma inveja danada de boa dos seus contos e crônicas, Elzinha.
Tô com uma inveja danada de boa dos seus contos e crônica, Elzinha.
Vou cumprindo minha sina. Muito obrigada, abraços!
Caríssima Elza Cirne,
Até o final de 2021, a paranoia era o aquecimento global, um fenômeno cíclico na evolução geológica da terra. A partir desse ano a paranoia se voltará para o congelamento global, outro fenômeno cíclico na história geológica da terra. Vamos anotar no caderninho?
Forte abraço,
CS
Abraços Carlinhos!