Yinka Shonibare CBE

Não tenho qualquer formação em artes plásticas. Meu conhecimento nesse assunto é restrito à literatura, visitas a museus e exposições, além das conversas com minha mãe, professora de história da arte e artista plástica.

O fato de eu gostar ou não de alguma obra de arte decorre, unicamente, do meu olhar. Na minha leiga imaginação, brinco que teria tal obra em minha casa, seja de artista famoso ou não, tudo a depender da minha apreciação visual. Por outro lado, certas obras, mesmo as mundialmente reconhecidas, não estariam expostas em minhas paredes.

Por esse motivo, muitas vezes me indago em como um artista cai no gosto de críticos de arte ou do grande público, especialmente quando percorro galerias de arte contemporânea. Às vezes, minha apreciação estética corre longe das obras selecionadas para exposição.

No entanto, percorrendo a Tate Modern em Londres, entro na sala repleta de livros coloridos e encanto-me de imediato – essa paixão por literatura que não me larga! A instalação The British Library atraiu-me, inicialmente, por seu colorido vivo.

Yinka Shonibare CBE – The British Library

Resolvo pesquisar um pouco mais sobre seu idealizador. Descubro Yinka Shonibare CBE, artista britânico-nigeriano, que vive no Reino Unido. Sua obra explora a identidade cultural, o colonialismo e o pós-colonialismo no contexto contemporâneo da globalização.

The British Library contém mais de 6.000 livros, sendo que em 2.700 estão os nomes de imigrantes de primeira ou segunda geração para a Grã-Bretanha, impressos em ouro nas lombadas. Sejam conhecidos ou não, todos eles fizeram contribuições significativas para a cultura e história britânicas. Há também livros com os nomes daqueles que se opuseram à imigração. Outros livros não estão marcados, sugerindo que a história da imigração na Grã-Bretanha ainda está sendo escrita.

Os livros estão encadernados em tecido estampado de cera africana, material característico da obra do artista. A história desse tecido revela uma relação complexa entre colonialismo, apropriação cultural e identidade nacional. Foi desenvolvido no século XIX na Holanda como uma imitação produzida em massa do processo de tingimento de batik usado na Indonésia, uma colônia holandesa na época. Os têxteis feitos à máquina mais baratos foram mal recebidos na Indonésia. Na África Ocidental e Central, no entanto, eles foram rapidamente adotados e absorvidos pelas tradições locais.

Yinka é um artista multidisciplinar, anda com esculturas públicas, pinta, fotografa, faz instalações de arte, todas relacionadas à conexão da África com o restante do mundo. E que instalações!

Yinka Shonibare CBE – Wind Sculpture
Yinka Shonibare – Flower Power

Seus trabalhos estão expostos entre as mais importantes coleções internacionais, incluindo a Tate Collection e o Victoria and Albert Museum, em Londres; National Museum of African Art, Smithsonian Institute, em Washington, D.C; Museum of Modern Art, em Nova Iorque; National Gallery of Canada, em Ottawa; Moderna Museet em Estocolmo; Galeria Nacional de Arte Moderna em Roma e VandenBroek Foundation, na Holanda.

Que prazer descobrir esse talentoso artista plástico, me encantar com a voz de Iyeoka Ivie Okoawo e viajar na literatura de Chimamanda Ngozi Adichie, todos de origem nigeriana, colhendo os frutos positivos da globalização.


Acesse também: Memórias Roubadas e O Ateliê de Aécio.


Entrevista com Yinka Shonibare CBE

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4 comments

    1. Oi Domingos! Encantada com a descoberta desse artista multidisciplinar. Maravilha, mesmo.

  1. Gosto é muito pessoal, mas temos que ter a mente aberta pro novo e para todos os tipos de arte. Tudo nos enriqueçe!!
    Continue nos atualizando.

    1. É isso aí Elinha. Cada qual com seu gosto, mas é importante saber o que está acontecendo na atualidade. Vamos em frente…

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