Reinventando a cozinha

O prato da balança aguardava o peso para conferir a pesagem. Mais adiante, o feirante anunciava num ritmo frenético as suas mercadorias. Os passantes observavam e até tocavam os produtos, antes de fechar o pedido. As cuias, repousadas sobre as sacas, aguardavam o freguês para medição.

Assim as feiras se desenrolavam e ainda se desenrolam mundo afora, agora com a introdução de novos equipamentos de pesagem, mais limpeza e organização. O alimento também passou por uma modernização ao longo da história da humanidade.

Há um tempo atrás, ao homem importava apenas o sabor dos alimentos, sem dar ouvidos à visão ou ao olfato, utilizando o tato para levar a comida até a boca, dispensando o uso dos talheres.

A evolução chegou e, lentamente, descobriu-se que além do sabor, os pratos devem agradar ao olhar. O aroma faz parte do cozimento, indicando ao bom olfato se os temperos estão na pitada certa. O tato manteve-se restrito a apenas alguns tipos de alimentos.

A cozinha evoluiu e chegou à alta gastronomia. Na insaciável sede de mudança, os grandes chefs resolveram inovar na textura dos alimentos, inventando fórmulas moleculares que provocassem sensações explosivas na boca.

O El Bulli foi considerado o melhor do mundo entre 2002 e 2009, influenciando diversos seguidores. Quase impossível conseguir uma mesa no famoso restaurante, que passava seis meses do ano fechado para o público, enquanto Ferran Adrià e sua equipe criava novas formas de apresentação de sua alquimia culinária. O restaurante encontra-se fechado desde 2011, mas pretende reabrir em 2019 como centro de estudo e experimentação da gastronomia e criatividade em geral.

A fórmula do famoso restaurante catalão fez inúmeros seguidores. A cozinha passou a se reinventar. Entretanto, alguns chefs exageraram. Deixaram de lado o sabor do alimento, em nome de técnicas sofisticadas, mas não saborosas.

Nova revolução, o mundo gastronômico resolve resgatar suas origens. O Noma, na Dinamarca, encampa um movimento pela valorização dos produtos locais, sazonais, que expressem pureza, frescor, simplicidade e ética. Vários outros chefs pelo mundo adotam a mesma filosofia. Por quatro anos, o restaurante foi eleito o melhor do mundo pela San Pellegrino, que patrocina e organiza o “The World’s 50 Best Restaurants”. O restaurante original está fechado, mas o chef dinamarquês René Redzepi abriu seu novo restaurante em Copenhagen, com o menu dividido em três estações anuais.

No mundo globalizado, a gastronomia segue as tendências, tanto quanto a moda. Temperos, ingredientes, produtos locais e importados se misturam e produzem pratos deliciosos. Às vezes, nem tanto.

De quando em vez, algum bom restaurante reinterpreta antigas receitas, acrescentando-lhes toques contemporâneos e produzem resultados inesquecíveis ao paladar sob nova perspectiva. A Osteria Francescana, com Massimo Bottura à frente, representa bem essa filosofia. Mas será que a cozinha italiana da Nonna é mesmo imbatível?

As opções estão à mesa, basta saber pesquisar, encontrar e experimentar.


Sites de pesquisa e reservas:

Guia Michelin

Gault Millau

Tripadvisor

Time Out

The Fork

Zomato

Netflix – Chef’s Table – Massimo Bottura

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6 comments

  1. Cozinhar é um dom!!! Prefiro comer bem…era provadora oficial dos quitutes de minha sogra e cunhados.
    Mais um bom texto com excelentes dicas

    1. Você não precisa desse dom. Grande privilégio ser provadora oficial da família! E a saga continua, provando os quitutes do seu marido e ainda botando a mão na massa.👏👏👏👏

  2. Adorei, Elzinha! Curto demais experimentar novos sabores e restaurantes =*

    1. Tbm adoro provar novos sabores ou reinvenções dos antigos. De vez em quando, entro pelo cano e fico com saudades do tradicional, mas sempre vale à pena a experiência. Beijo

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