No Rastro das Águas – Capítulo 12

(…) Retornam para casa de alma límpida, com a fé renovada e disposição para mais um ano de trabalho em busca da sobrevivência. A esperança preenche seus corações, enquanto as mãos de Santana dão forças para a árdua tarefa do dia-a-dia. Com este pensamento, já estão prontos para iniciarem a colheita do algodão, que vem tomando conta do chão seridoense, pincelando de branco a paisagem da região. Mãos preguiçosas torciam […]

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No Rastro das Águas – Capítulo 11

(…) No dia seguinte, muito trabalho para colocarem em ordem a bagunça do dia anterior. As atividades começavam lentas, no compasso da ressaca. Estavam alegres e animados, mas com os pés cansados de tanto arrastarem na dança. A festa rendeu bons comentários e alguns casos de namoros. Quem nunca presenciou a fé do povo sertanejo tem dificuldades de perceber o que representa a festa de sua Padroeira. Para se ter […]

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No Rastro das Águas – Capítulo 10

(…) Depois de acomodados, relembravam as estórias de assombração, que arrepiavam os cabelos dos mais corajosos e faziam tremer os menos afoitos. Aqui e acolá, alguém preparava uma presepada com o medroso do grupo. O Coronel era afeito a essas brincadeiras. Depois dos dias de corrida, retornavam às fazendas para se aquecerem nos braços de suas mulheres. Mas não é só vaquejada que diverte o sertanejo em junho. Chega o […]

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No Rastro das Águas – Capítulo 9

(…) Observando a roupa quarar, pensou: maio estava chegando; era mês de novena à Virgem Maria e com pouco estariam no mês de Santana. Já era tempo de se preparar para a festa; José crescia rapidamente e de repente sua roupa ficava perdida. Da próxima vez que Antônio fosse à rua, encomendaria novos tecidos para confeccionar, ela mesma, os trajes da festa da padroeira. Ritinha preparara o bisaco de seu […]

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No Rastro das Águas – Capítulo 8

(…) O solo seridoense, embora ressecado e castigado por constantes estiagens, é um solo potencialmente fértil e suficientemente vigoroso para fazer brotar, se suas entranhas, as sementes que permanecem, por tanto tempo, adormecidas. As secas fazem-no descansar, mas o certo é que com a chegada da água tudo renasce. O tempo agora era de roçar, plantar, limpar e colher! Em janeiro ainda, caíram mais algumas poucas chuvas. Embora finas, fizeram […]

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No Rastro das Águas – Capítulo 7

(…) No retorno para casa, muito cansaço, depois de um dia de festividades. O passo marcado do cavalo embalava os sonhos do pequeno José, que se aninhara nos braços de sua mãe. Aos poucos, acostumava-se com o lombo do animal, peça fundamental na vida de todo sertanejo, pois atuava como principal meio de transporte e como importante ferramenta de trabalho, percorrendo os caminhos mais espinhosos, no encalço do gado e […]

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No Rastro das Águas – Capítulo 6

(…) Enquanto esperava pelo almoço, sentado no tamborete na porta de casa, observando o sol castigando a paisagem e acompanhado de seu fiel cachorro, Tano viu Antônio Bezerra aproximando-se ligeiro, com um sorriso nos lábios. Conhecendo aquela cara desde menino e deduzindo do que se tratava, esboçou um certo ar de sabedoria. Segurou os estribos e as rédeas do cavalo, enquanto Antônio apeava. Na cumplicidade de experiência e instinto, trataram […]

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No Rastro das Águas – Capítulo 5

(…) Antônio Bezerra percebera esta realidade. Na expectativa de recuperar as perdas provenientes dos dois anos consecutivos de seca, já planejava a poda e limpa dos campos. Retiraria o gado dos algodoeiros e sustentá-lo-ia, até chover, com o cardeiro, vegetação resistente à seca que era encontrada com frequência na caatinga; bastava apenas cortá-lo e queimá-lo, para que os espinhos não machucassem as reses. Chegando à fazenda, apeou ligeiro do cavalo […]

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