Frida Kahlo

Me pinto a mí misma, porque soy a quien mejor conozco”. Com a frase na cabeça, aguardava paciente na fila do Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, final de outubro de 2015, para ver a exposição Frida Kahlo: conexões entre mulheres surrealistas no México.

Tinha acabado de ler sua biografia e aproveitei a oportunidade para apreciar a sua arte. Tenho especial admiração por mulheres fortes e Magdalena Carmen Frieda Kahlo Calderón insere-se nessa classificação.

Nascida em 1907, em Coyoacán, antigo distrito residencial na periferia sudoeste da Cidade do México, a pintora faleceu jovem, aos 47 anos de idade, mas deixou um acervo e uma história de vida para serem vistos e revistos.

Teve paralisia infantil e foi vítima de um acidente aos 18 anos, quando o ônibus que a transportava foi atingido por um bonde, levando-a a submeter-se a diversas cirurgias e deixando-a com sequelas para o resto da vida, em razão dos múltiplos traumas na coluna e pélvis, além das fraturas no pé atrofiado.

Em contraponto à fragilidade do seu corpo, Frida tem uma personalidade marcante no comportamento, na pintura, na defesa da cultura do seu povo. Criou uma identidade própria, extensão de sua arte. Adotou os trajes das mulheres tehuanas, difundindo a cultura mexicana e, ao mesmo tempo, disfarçando seus aparelhos ortopédicos, corpetes e coletes.

Trajes tehuanos usados por Frida Kahlo

O grande amor de sua vida foi Diego Rivera, famoso muralista mexicano. Namoraram, casaram, separaram-se, reuniram-se, viveram uma intensa e conturbada relação. Ambos com personalidades fortes. Diego abarcando a amplitude do mundo visível e retratando-o em suas obras. Frida pintando o mundo à sua volta – amigos, animais, naturezas-mortas, suas alegrias e tristezas. Rotularam-na de surrealista, mas ela rebatia, afirmando que nunca pintara sonhos, mas apenas a sua própria realidade.

E eu ali, imersa naquele mundo, apreciando as telas, os desenhos, as fotografias, os trajes de Frida Kahlo. Dei uma volta completa, depois repeti o percurso até as telas que mais me chamaram à atenção.

Alguns dos seus inúmeros autorretratos estavam expostos, mas me encantou, especialmente, Diego em mi pensamento, 1943 – Colección Jacques y Natascha Gelman. Para mim, uma síntese da pintora mexicana. O traje típico, seu amor quase insano por Diego Rivera, as flores, as cores, a transparência, as raízes, sua força.

O Abraço de Amor do Universo, a Terra (México), Eu, Diego e o sr. Xólotl – 1949, também estava exposto. Na tela, percebe-se a ambivalência do seu trabalho. Sol e lua, terra e ar, claro e escuro, a mãe terra abraçando Frida, ela ninando Diego, o olho da sabedoria em sua fronte, as raízes e plantas mexicanas, Xolotl, raça canina que tem o mesmo nome do Deus que tinha a missão de guiar as almas dos mortos.

O Abraço de Amor do Universo, a Terra, Eu, Diego e o sr. Xólotl
Frida Kahlo

Sai da exposição com gosto de quero mais. Traçando planos para nas próximas viagens visitar museus, mostras de arte, alimentar meu senso estético.


Leitura recomendada: Frida: a biografia / Hayden Herrera; tradução Renato Marques – São Paulo: Globo, 2011.

Visite:

  • La Casa Azul – Museu Frida Kahlo – Calle Londres # 247, Colonia Del Carmen, Delegación Coyoacán, C.P. 04100, Cidade do México / México

Dica de filme: Frida

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3 comments

  1. Adorei seu conteúdo Parabéns, bem completo e dinâmico.
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