Na enquete do Instagram, uma amiga pediu aos seguidores para definirem uma palavra para janeiro.

Nas terras tangentes à linha do Equador, o mês que inicia o calendário gregoriano veste-se de luz.

O astro rei – fonte maior de energia – desperta sentimentos diversos, enquanto palavras tentam sintetizar emoções e comportamentos de seres humanos em estado de êxtase.

Férias para um país temperado pelas águas salgadas do Atlântico. No Nordeste, as águas mornas aquecem corações cansados da lida diária.

Corpos livres, leves, soltos, prontos para o mar, amar. Queimados do Sol, esgotam-se na penumbra da noite.

As vinte e quatro horas produzem diferentes sons para os ouvidos dos veranistas no curso do calendário lunar.

Maré morta, água límpida: maré seca, banhos em piscinas naturais; maré alta, estrondos de ondas; vento definindo a direção do mar e os caminhos a seguir.

Este ano, o vento da noite está diferente. Soprando forte do mar para terra, levou para longe a brisa suave.

Murmúrio da baixa-mar, canção de ninar repetitiva, enquanto o som produzido permite a imaginação viajar nas páginas de um livro bom.

Minha avó Yvete encadernava os livros de sua preferência. “100 crônicas escolhidas”, de Rubem Braga, editado em 1958 pela editora José Olympio, veio parar nas minhas mãos.

Em “O homen rouco”, a crônica “Justiça seja feita” fala da chuva constante, fina e boa para lavoura, mas nem tão proveitosa para as cidades e suas perspectivas.

De frente para o mar, sou incapaz de adivinhar os sinais da natureza para um bom inverno no sertão, mas continuo sendo um pouco de lavoura: careço da água, da luz e da terra para vingar.

Fontes de energia que somente o mar, o Sol e a areia da praia, em janeiro pleno, são capazes de me fazer florescer.

O canto do mar é a melhor tradução para janeiro; som perene para acalentar e energizar o corpo e o espírito para o ano que se inicia.

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