Ítalo Ferreira dedica a medalha de ouro à avó

Ítalo Ferreira é medalha de ouro nas Olimpíadas de Tóquio 2020, representando o Brasil na primeira vez que o surfe é incluído como esporte olímpico.

Seu nome vai ficar gravado na história do esporte, mas sua história começa bem antes, em Baía Formosa, município do Rio Grande do Norte, banhado pelo Oceano Atlântico.

Foi lá que o menino de praia começou a pegar onda na tampa de isopor, que seu pai utilizava para armazenar os peixes que pescava para o sustento da família.

Cresceu surfando nas ondas da praia e até hoje é lá o seu pouso seguro. A família e os amigos o acolhem sempre que as competições internacionais permitem um descanso. Aliás, uma estadia no seu ninho, porque ele é tão inquieto que desconhece a palavra descanso.

Se possível, surfa todos os dias. Sua determinação lhe acompanha. Foi com ela que encarou o atraso do voo para o Japão em 2019, exatamente para disputar o ISA Surfing Games, competição seletiva para os jogos olímpicos. Mesmo sem a mala, entrou no mar de short jeans, cravou a nota 10 em uma das ondas e garantiu o lugar de representante do Brasil nas Olimpíadas.

O ano de 2019 foi marcante em sua vida! Ítalo perdeu sua avó, Dona Mariquinha, sua eterna fonte de inspiração. No entanto, esse atleta determinado soube superar o trauma familiar; além de vencer ISA Surfing Games, foi campeão do WCT e do Pipe Masters. Estava selada a sua ida para o Japão como representante da bandeira verde e amarela.

Acreditei no atleta antes mesmo de ele faturar o WCT. Numa conversa informal com Lafaiete, então diretor da Bridgestone no Brasil (que também é surfista), levantei a possibilidade de a patrocinadora oficial das Olimpíadas investir nesse surfista ímpar. Ele abraçou a ideia e chutou a bola para frente.

Os meus argumentos incluíram a representação nordestina e a prática do surfe no Brasil, país de dimensão gigantesca, com a costa toda à disposição das pessoas que sabem aproveitar as maravilhas da natureza e o respeito ao meio ambiente. O empurrãozinho serviu e Ítalo Ferreira virou Atleta Embaixador da Bridgestone nas Olimpíadas.

Por causa da pandemia, as Olimpíadas 2020 foram adiadas para 2021. Por causa de um tufão, as semifinais do surfe foram antecipadas para o dia 26 de julho, dia de Santana (avó de Jesus), padroeira de muitas cidades do interior do Rio Grande do Norte.

Ítalo entrou no mar revolto da praia de Tsurigasaki (que nem de longe lembra a beleza de Baía Formosa), com fé em Deus e no lema: “DIZ AMÉM QUE O OURO VEM”.

E o menino de Baía Formosa brilhou no caminho do pódio! Encarou as ondas com o domínio e a agilidade de sempre até a final, uma verdadeira tempestade disputando a medalha de ouro com o atleta da casa, o japonês Kanoa Igarashi.

O Japão ficou com a medalha de prata e Ítalo Ferreira subiu no alto do pódio, fazendo entoar o hino nacional e tremular a bandeira brasileira. Emocionou o Brasil, o Nordeste, o Rio Grande do Norte, Baía Formosa, uma Nação, e mais uma legião de fãs do seu surfe e de sua história de superação.

Foi o primeiro Atleta Embaixador da Bridgestone em Tóquio 2020 a ganhar uma medalha de ouro.

O campeão olímpico dedicou a vitória à sua avó Mariquinha, que juntamente com Santana devem estar orgulhosas desse inquieto atleta potiguar.

Ítalo Ferreira – orgulho nordestino – continue firme a utilizar o seu talento para construção de um mundo melhor e que seu exemplo inspire muitos outros atletas e surfistas! Parabéns ao campeão!


How fit do surfers need to be? ft. Italo Ferreira | #OlympicStateOfBody

Acesse também: Ítalo Ferreira, deu Baía Formosa no Pipe Masters e no WCT, Surf nos anos 70, Entrevista com Jadson André.

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3 comments

  1. Fiquei arrepiada com o agradecimento dele ao mar, a reverência a Deus e dedicação do prêmio a avó!

    1. Emocionante mesmo Teresa! O mar, a fé e a família de Ítalo são os alicerces para sua determinação.

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