Casa no campo

Tenho uma casa no campo, roça, zona rural, interior ou qualquer outra palavra que queira denominar uma morada junto à natureza, tocando a terra, sentindo o cheiro do mato, dormindo, acordando e trilhando paisagens que variam com as estações do ano.

Descobrir sons matinais, do entardecer ou o silêncio noturno que não se cala. Alegrar-me com o coaxar dos sapos, rãs e pererecas que se encharcam com a chegada das chuvas, mas trazem as moscas que importunam a nossa mesa.

Fugir de um enxame de abelha que vem zunindo em minha direção – sinal que a floração está atraindo a continuação das espécies. A noite traz os insetos que se encandeiam com a luzes produzidas e eu, me encandeio com a beleza da serra noturna.

Passear pelo mato verde, ver o crescimento de plantas que foram introduzidas em meu jardim e descobrir ninhos de pássaros que também encontraram uma nova morada. Colher frutas, tomates e verduras, que serão temperados e saboreados sem qualquer aditivo químico.

Mesa aberta para compartilhar com a família e os amigos, agradecer a comida e brindar a vista deslumbrante. Se precisar de algo mais, correr no pequeno supermercado da cidade e vivenciar a vida desacelerada do lugar.

Perguntar à caixa onde está determinado produto e surpreender-me com sua atitude, que larga seu local de trabalho e vai até a prateleira me ajudar, sem que ninguém que esteja na fila reclame. Vida sem pressa, onde é mais importante ajudar a quem precisa do que olhar para os ponteiros do relógio.

Ouvir os comentários das pessoas do lugar, alegres com o festival que se desenrola na cidade. Uma senhora diz que os pés estão cheios de calos – abusou do forró dos idosos na noite anterior. É logo aconselhada pelo amigo a colocar os pés de molho em água morna, que logo estarão descansados para a noitada que se repete nos três dias de festa.

As ruas estão apinhadas de barracas improvisadas, aguardando os moradores da cidade e os visitantes que vêm aproveitar o festival. Surpreender-me com as ruas limpas, mesmo sabendo que a festa rolou até a madrugada. Os garis fizeram o serviço bem cedo.

Voltar para casa, sentar num banco sob o sol do meio dia – nova recomendação dos médicos para assimilar vitamina D –, absorver a beleza do lugar, ouvir um jazz relaxante e tentar transcrever para o papel sentimentos que não se explicam, apenas se sentem.


Zé Rodrix

Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar do tamanho da paz

Elis Regina – Casa no Campo

Acesse também: Serra de São Bento, Noite na serra, Sorriso de menino, Ufa, cheguei em casa.

Leia também

8 comments

  1. Elzinha: preciso ter mais tempo para ler c mais frequência seus especiais escritos-obrigada e PARABENS!!!

    1. Muito obrigada Tia, vou gastando meu tempo escrevendo para vocês. Leia no seu tempo. Beijão

  2. Nem precisa ir até lá… suas palavras são capazes de nos transportar até esse lugar gostoso e muito relaxante…

    1. O lugar é bastante inspirador. Faz a gente se transportar e transportar gente na imaginação.

  3. Com o visual de sua agradável casa, reunião à mesa e boa conversa, falta só Elis cantando Casa no Campo.

    1. Oi Elinha, Casa no Campo e Elis fechando o cenário. Valeu amiga!!!

    1. Obrigada amiga e muitas vezes compartilhamos juntas esses sentimentos!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *